Antes de se tornar um aclamado autor de telenovelas, Silvio de Abreu foi ator e diretor de cinema. Atuou ao lado de Cleyde Yáconis e Stenio Garcia no teatro e de Vera Fischer no cinema (em A Super Fêmea, de 1973). E dirigiu A Árvore dos Sexos (1977) e Mulher Objeto (1981), representantes da chamada era da pornochanchada, como eram rotulados os filmes produzidos no final da ditadura militar com baixos orçamentos e forte apelo erótico (mas nem sempre pornográficos). Agora, ele planeja voltar aos filmes.
Como será a novela do futuro?
Silvio de Abreu – Não tenho a menor ideia. Vou continuar escrevendo seguindo a minha intuição. Novela é sempre uma surpresa. Quando você pensa que se esgotou, aparece um produto trazendo uma vida nova e tudo recomeça. Comecei a entrar no mundo das novelas profissionalmente em 1967, na TV Excelsior. Naquela época já me diziam que a novela estava acabando. Já lá se vão 42 anos, são duas gerações, e as novelas continuam a ser o programa de televisão mais assistido no país.
Você tem vontade de escrever outros produtos que não novelas?
Silvio de Abreu – Sempre tenho ideias para minisséries, séries, sitcoms etc, mas nunca levo adiante. Me sinto confortável fazendo novelas e acho que o público tem prestigiado muito o meu trabalho. Não que eu tenha medo de arriscar em outros programas, mas não vejo razão para tanto. Fazer novela é uma especialidade e poucos autores brasileiros conseguem fazê-la com sucesso. Não acho estimulante parar de escrever novela para escrever qualquer outro tipo de programa. Porém, sinto vontade de voltar a dirigir cinema e acho que vou me aventurar quando acabar Passione.
Qual a avaliação que faz da televisão aberta de hoje? Que nota dá a ela? O que ela tem em excesso e o que lhe falta?
Silvio de Abreu – Não sei dar notas. É uma pena que as outras emissoras não atinjam a excelência de produção e programação da Rede Globo. Não sei por que isso acontece. Será que é por falta de bons profissionais? De programadores com uma visão artística apropriada? De artistas capazes de transformar boas ideias em bons programas? Não sei responder.
Porém, lamento que todas as mudanças tenham que vir da Rede Globo e que a imitação e o plágio, hoje em dia, já não dê vergonha a quem os pratica. Nessa luta feroz em busca de audiência, é mais do que elogiável que uma emissora poderosa como a TV Globo continue a manter a qualidade e a excelência de seus produtos.
O que você gosta de assistir na TV aberta e na TV paga?
Silvio de Abreu – Na TV paga assisto a filmes, ao David Letterman, a vários talk-shows e a Seinfeld, quando passa. Mas não sou grande fã de seriados e sitcoms americanos. Na TV aberta assisto, quando posso, às três novelas da Globo, ao Jornal Nacional, ao Vídeo Show, ao Profissão Repórter e ao Casseta & Planeta. Não sou um telespectador assíduo, nem fico muitas horas em frente à televisão por falta de tempo.
Em linhas gerais, do que tratará Passione?
Silvio de Abreu – É muito cedo ainda para falar da trama. Passione é uma novela que tem a marca das minhas novelas, o meu estilo particular de contar uma história que mistura melodrama, humor e thriller. Acredito que será uma boa novela, mas quem sou eu para predizer o futuro?
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